Mais de duas décadas após a histórica final da Taça UEFA de 2003, em que o Celtic enfrentou o Porto de José Mourinho, um dos protagonistas daquela campanha vitoriosa dos escoceses voltou a comentar sobre o treinador português e os desafios atuais do rival Rangers, que tenta repetir o feito europeu. Em recentes declarações ao jornal Daily Record, Jackie McNamara, ex-lateral e ícone do Celtic, deu a sua visão sobre Mourinho e a missão difícil que o Rangers enfrenta nas competições europeias.
Na final de 2003, disputada em Sevilha, o Celtic, liderado por Martin O’Neill, caiu diante de um Porto organizado e taticamente superior, comandado por um jovem José Mourinho, que viria a conquistar a Liga dos Campeões na temporada seguinte e a consolidar-se como um dos melhores treinadores do mundo. Hoje, McNamara ainda guarda respeito pelo trabalho do técnico português.
“Na época, muitos não sabiam ao certo quem era Mourinho, mas rapidamente percebemos que se tratava de alguém especial. O Porto era extremamente bem preparado, sabiam exatamente como neutralizar nossos pontos fortes e explorar os nossos erros. Mourinho fez a diferença”, afirmou McNamara. “Agora, olhando para a carreira dele, não surpreende o que conseguiu. Ele sempre foi um estratega brilhante.”
Quanto ao atual momento do Rangers, McNamara reconhece que há um grande obstáculo para que o clube rival possa brilhar na Europa, especialmente ao compararmos com as façanhas do Porto de Mourinho ou até mesmo do Celtic naquela campanha histórica.
“Vejo o Rangers a tentar construir algo sólido, mas a exigência da Europa é muito alta. Não basta ter talento, é preciso ter um plano de jogo consistente e jogadores acostumados a competir neste nível”, avaliou. “A atual edição da Liga Europa, por exemplo, está cheia de clubes fortes, com orçamentos muito maiores e planteis profundos. Para o Rangers chegar longe, precisa superar as próprias limitações e ser perfeito nos detalhes.”
Sob o comando de Philippe Clement, o Rangers tem mostrado evolução desde a sua chegada em outubro de 2023. O técnico belga conseguiu recolocar a equipe na luta pelo título da Premiership e garantir a continuidade nas fases finais da Liga Europa. No entanto, McNamara destaca que a pressão é enorme e que, apesar de melhorias evidentes, ainda há trabalho a ser feito para alcançar a glória europeia.
“O Rangers melhorou com Clement, mas precisa manter a consistência e elevar ainda mais o nível. As equipas que ganham na Europa têm uma mentalidade vencedora que não falha nos momentos decisivos. Mourinho, por exemplo, construiu essa mentalidade no Porto e depois levou para Chelsea, Inter e Real Madrid”, disse McNamara.
O ex-jogador do Celtic conclui que, tanto para o Rangers como para qualquer clube escocês, voltar a uma final europeia será sempre um desafio monumental, mas não impossível. “Nós provamos isso em 2003. O Rangers esteve perto em 2022. É preciso acreditar, trabalhar e ter uma liderança forte, como Mourinho demonstrou naquela época.”
Assim, as palavras de McNamara ecoam como um lembrete de que o sucesso europeu vai muito além de talento individual — passa por estratégia, mentalidade e preparação. E nisso, José Mourinho segue como um exemplo eterno.
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